Havia um pequeno grupo de policiais mais antigos que se destacava pela técnica investigativa e bravura. Eram os meninos de ouro da Polícia Civil!
As imagens daquele sábado de manhã passeiam indeléveis em minha memória: Eram 7 horas da manhã e meu plantão chegava ao fim. A equipe que iria nos substituir chegaria às 8:00 hs. Não havia dormido a maior parte da noite, por conta das rondas em busca de uma quadrilha armada que havia praticado alguns assaltos na nossa circunscrição. Nesta época a Polícia Civil era mais atuante! O policial linha de frente era um caçador mesmo! Usavamos muito o "Alto de resistência à prisão". Se um vagabundo atirasse contra um policial, morria na hora ou no nosso próximo plantão!
Pensava que este fim de plantão fosse tranquilo e pudesse enfim descansar, mas, não era isto que nos havia sido reservado para aquele momento. O rádio interrompeu meu cochilo: Assalto em andamento na primeira rua. Joguei uma água no rosto,peguei uma 12 com bandoleira( A velha Colt 45 não saia da cintura!), entrei rapidamente na viatura juntamente com mais três parceiros. Seguimos com a sirene ligada até cerca de quatro quadras antes do local do crime e desligamos para não chamar atenção dos criminosos.
vinte minutos depois, chegávamos à residência assaltada. O quadro era grave: Um casal e sua filha de apenas 6 anos, foram assaltados quando abriam a garagem de casa pra sair. Os vagabundos levaram a senhora pra dentro da casa, a estupraram e balearam seu marido no braço, quando ele tentava defender a esposa! Os três bandidos já haviam fugido levando o carro da família. Pedí uma ambulância pelo rádio, pois a vitima de baleamento sangrava bastante e o casal estava em choque, tanto que somente quando meu parceiro perguntou se havia mais alguém na casa, é que o casal lembrou de Manoela, a filhinha que, na hora do assalto, já estava no interior do carro e acabou sendo levada pelos vagabundos!
Pela descrição dos assaltantes, sabíamos que um deles era o nego Jô, um menor de 17 anos que já haviamos detido anteriormente e que, por força da lei, saiu da delegacia rindo da nossa cara. A senhora, afirmou que foi justamente este menor que a estuprou e baleou seu marido. Este bandido só era menor mesmo pra lei e para os direitos dos manos, ou melhor, direitos humanos, pois era um estuprador e assassino frio. Já havia assaltado e morto um PM, apenas para levar seu revólver. E foi justamente este revólver que nego Jô usou naquele assalto.
Saímos em perseguição. Não podíamos mais perder tempo. Já havíamos solicitado apoio pelo rádio, para que outras viaturas cercassem as saídas da cidade e evitassem que os vagabundos levassem o veículo com a criança pra um local ainda mais distante, pois, isto dificultaria mais ainda sua localização! Embora, muito novo, sempre tive faro para o serviço policial: Minha facilidade em fazer amizades me trouxe um leque de informantes que nos ajudavam bastante! Fomos direto à casa de um infomante e ele nos deu uma informação de ouro: Disse que Nego Jô e seus dois comparsas passaram a noite e parte da madrugada na boca de fumo da Branca, uma conhecida traficante da área. Partimos para a casa da Branca. Quando meu parceiro João se adiantava para abordar a traficante, o segurei pelo braço e pedí para que ele me deixasse falar com ela. Certamente Branca não abriria o bico pra ele, pois, João teria dado uns tapas nela, por ocasião da sua prisão, havia uns dois meses atrás. Cheguei na traficante, lhe dei boa noite! Havia uma garotinha brincando no seu colo! A traficante foi logo falando: _Num tô devendo nada pra justa! Que cês querem aquí no meu barraco? O diálogo foi tenso: Branca olhava o tempo todo pra minha pistola Colt que insistia em mostrar o cabo pra fora da cintura!
_Não sou cagueta, mas, vô falá só por causa de quê tem criança envolvida! O Nego Jô passou por aquí a noite e deve de tá agora entocado na casa da tia dele no morro dos macaco!
A traficante deu um sorriso de deboche: _Aquele preto tem o corpo fechado em terreiro! Bala num fere ele não!
Ela se referia ao fato de muita gente temer o bandido, em virtude dos boatos de que Nego Jô teria o corpo fechado!
Anotamos o endereço e partimos com a sirene desligada!
A esta hora, a adrenalina estava a mil, embora, eu sempre tenha sido frio, não tinha como evitar esta emoção!
Localizamos o barraco no morro. Eram aproximadamente 8:30 da manhã. Três policiais da outra equipe que vinha nos render chegaram em nosso auxílio. A esta hora, mais nada me importava. Só tinhamos um desejo: Resgatar a menina com vida e prender nego jô!
Quando chegamos a uns 50 metros e nos preparávamos para cercar o barraco, percebí o gol vermelho com a criança dentro, olhando pela janela. O carro estava na lateral do barraco. fomos recebidos a bala! Eram muitos tiros. Depois constatamos que os três estavam armados de pistolas e revólver 38 com farta quantidade de munição. Bandido é raça covarde, mas, eles estavam muito drogados e isto os empurrava contra nós!. Me abriguei e efetuei dois disparos com a Colt 45. Não acertei nenhum tiro. Os vagabundos estavam longe e abrigados no barraco. Nesta hora você tem que pensar rápido! Já havia pedido pra ninguém atirar na direção do carro com a criança! Um dos bandidos conseguiu fugir pelos fundos. ninguém conseguiu evitar! Restavam dois vagabundos que, não paravam de atirar! Um de meus parceiros me puxou pelo braço e me mostrou marcas de sangue na minha jaqueta. Foi aí que ví que tinha sido baleado de raspão no braço e esta marca quardo até hoje como troféu! Arregacei a manga do braço direito e ví que foi apenas um pequeno ferimento! Percebí que os tiros que partiam do barraco vinham da porta e da janela esquerda. Terminei um carregador da 45 e paramos de atirar! Nego Jô alterava tiros de pistola 7,65 e do revólver 38. A situação era tensa demais! Tinha medo da criança sair do carro e ser atingida! Não tinha filhos, mas, aquela menina, embora não a conhecesse ainda, era como se fosse minha filha! Chamei Rubens, um dos meus parceiros que havia cursado academia de polícia junto comigo para que entrássemos na mata e tentássemos nos aproximar um pouco mais do barraco, para tentar um tiro mais preciso. Rúbens nem exitou e apertou minha mão, como se falasse " Vamos lá parceiro! Vamos pra dentro!"
Entrando pela mata lateral, chegamos a uns 35 metros do barraco, sem disparar um único tiro, pra não chamar atenção! A pistola Colt estava molhada de suor que escorria das minhas mãos. A adrenalina estava a mil. Um dos parceiros que havia ficado atrás da viatura trocando tiros foi baleado a altura do abdomem e sangrava bastante. Não voltamos para observar nada, pois ouvimos todos comentários e a movimentação dos outros parceiros socorrendo o policial baleado numa das duas viaturas que tínhamos no momento. Pronto. Perdemos, momentaneamente, três policiais: O baleado e os dois que o transportaram para o pronto socorro da vila! Agora so éramos quatro policias. Isto deu mais força aos bandidos! Os vagabundos, drogados, comemoravam o baleamaneto do nosso parceiro! Nego Jô parou de atirar (creio que para recarregar suas armas). Pensei em atirar com a 12, no momento em que um dos vagabundos fosse atirar na equipe que se abrigava atrás da viatura, mas, Rubens falou ao meu ouvido:
Só aí que caiu a ficha: Fui primeiro colocado em prática de tiro na Academia de polícia e muitos me chamavam de Sniper, assim meio que na brincadeira, pois sempre atirei bem! Minha nota de tiro havia sido a maior de todos os tempos da Academia de polícia Civil, segundo o instrutor ! Não era a toa que, mesmo quando estava de folga, alguns parceiros, até de outras delegacias,me chamavam para integrar a equipe em missões de risco! E ponha risco nisto: Nem todos usávamos colete a prova de bala e faltava tudo. às vezes, tínhamos que comprar até munição!
Nego jô voltou a atirar e sua pistola engasgou. Esbravejou um palavrão e começou a utilizar o revólver! Me posicionei na posição deitado, atrás de uma árvore e usei meus braços como bipé! Falei pro Rubens que, quando pudesse, atiraria e que, depois do tiro, deveríamos abandonar o local imediatamente para que os vagabundos não soubessem nossa posição! Nego Jô não sabia que eu estava a menos de 40 metros dele e muito menos imaginava que, eu sempre gostei de tiro de precisão: Com aquele rifle Puma, eu costumava acertar balões pequenos a 150 metros, apenas com a mira aberta sem apoio. É claro que num tiroteio, é diferente! O stress muda tudo! Mas, estava preparado!
Deu pra ver que a menina estava em prantos, no banco de trás do carro, olhando pela janela! Tinhámos que fazer alguma coisa! Era um trabalho em equipe: Os parceiros que ficaram lá atrás, distraiam os vagabundos na troca de tiro. Depois soubemos que um dos policiais que ficou atrás da viatura, atirava de olhos fechados, devido ao medo de ser baleado que nem seu parceiro: Coisas que acontecem e que ninguém comenta fora das rodas policiais!
Me certifiquei que o rifle estava carregado e me concentrei. Nego Jô, passou alguns minutos sem disparar (Pensei até que tivesse fugido pelos fundos), mas o outro vagabundo vulgo Japonês atirava sem parar! Continuei enquadrando a porta na mira aberta do rifle, pois era de lá que Nego JÔ havia atirado o tempo todo. Como nem imaginava a nossa posição, o vagabundo meteu a cabeça na porta. Ora, a porta do barraco era de madeira e seria facilmente transfixada pelo projetil do rifle .38, Foi justamente isto que me veio a cabeça. Calculei o local da porta, onde, atrás, estava seu peito; Tentei manter o rifle o mais imóvel possível(embora fosse difícil!) e naquele momento, não ouví mais nada. Passavam mil coisas na minha cabeça! Era só eu, a arma e o alvo! Nem sentí o gatilho! O silêncio foi quebrado com o disparo do Puma! A porta que estava entreaberta se fechou! Corremos e mudamos de posição, pois pensei ter errado mesmo o tiro! Calculei que o vagabundo se assustou e fechou a porta. Ficamos aguardando! O outro comparsa de Nego Jô saiu do barraco abrindo o caminho a bala e veio passar bem ao lado da posição em que eu e Rubens estávamos! Não deu outra: Peiiiiiiii! Era o grito da Colt disparada pelo Rúbens: Ele deu um tiro que pegou à altura do joelho e quase arranca a perna do vagabundo! O bandido largou sua pistola imediatamente e caiu gritando no chão! O algemamos e perguntamos pelo Nego Jô! Japonês disse que ele foi baleado!
A essa altura, a equipe de policiais que estava na viatura, já havia avançado e chegado até nós. Apanharam o bandido baleado e o jogaram no porta malas da viatura. Não, sem antes, cercarmos o barraco e fazer a festa: Nego Jô estava caído bem rente a porta! Quando foi atingido, ele caiu com o corpo pressionando a porta para frente, por acaso! Coloquei a mão pra sentir seu pulso e o pescoço e constatei que acabava alí uma carreira de crimes hediondos! Se ele tinha o corpo fechado, o rifle puma 38 e a minha pontaria serviram de chaves para abri-lo! Apesar da pouca idade, foram vários latrocínios, estupros etc,etc, etc
Sei que era um ser humano, mas, a comemoração foi invitável! A equipe toda se abraçava! Estávamos preocupados com nosso parceiro baleado. Combinamos de, após os procedimentos legais, irmos direto ao hostpital ver como ele estava! _A menina! Gritou Rubens! A primeira preocupação era se certificar de que realmente não havia mais nenhum perigo iminente! Agora, escutava o choro da Manoela!
Corremos até o gol vermelho e coloquei a menina no meu colo! Nunca havia sentido um abraço tão apertado em minha vida! Desabei no choro de tanta emoção!( estou chorando agora só de lembrar)
Fui dirigindo o gol vermelho com a Manoela do meu lado, até sua casa! Soube por familiares que seus pais estavam bem e ficaram de ligar para o hospital avisando que a menina tinha sido resgatada com vida! Só para vocês terem uma ideia da periculosidade dos vagabundos, a menina nos disse que logo após o assalto, Nego JÕ falou pros comparsas que eles deveriam jogar a menina em um rio que passava na vila, pois a criança poderia atrapalhar a fuga deles!
Fomos pra delegacia, onde o delegado lavrou o auto de resistência à prisão, justificando assim a nossa reação e a morte do bandido mais perigoso daquela região! Você sabia que o atual governo quer acabar com este procedimento, só pra ferrar mais ainda com a vida do policial? Pois é: Se acabarem com o "Auto de resistência à prisão", o policial que trocar tiros e ferir mortalmente um bandido, dependendo das circustâncias, pode ser preso e responder por homicídio doloso. Isto é um absurdo e poderá ser o fim dos policiais linhas de frente que, nos dias de hoje, já são tão difíceis de serem encontrados! Mas ser polícia é sacerdócio mesmo! Já pensou ganhar pouco para correr um risco danado e quase nunca ter seu trabalho reconhecido por ninguém?
Os procedimentos foram finalizados quase duas horas da tarde! Estava exausto e ao mesmo tempo em alerta devido a operação policial de alto risco que fizemos. Mas, quem disse que depois disto tudo fui pra casa descansar? Eu, o Rubens e mais dois guerreiros fomos pro hospital pra ver nosso parceiro baleado no abdomem! Graças a Deus, ele passava bem, mas, o tiro de 7,65 fez um bom estrago nele! Depois, enfim, fui pra casa!
As manchetes nos jornais do dia seguinte eram mais ou menos assim: "Policias resgatam menina e matam bandido!" "Nego Jô tomba com tiro no peito!" "Durante intenso tiroteio, dois polciais são baleados e um bandido tomba!" A manchete se referia a mim como um dos baleados, mas, eu peguei apenas três pontos no cotovelo e foi muito superficial, graças a Deus!
Passados alguns dias, estava eu na porta da delegacia, quando parou o gol vermelho e saiu correndo a menina que havíamos resgatado dias atrás. Ela me abraçou, me chamou pelo nome e me agradeceu pelo que fizemos. Na ocasião, ela me deu de presente um boneco que levava no colo! Agradecí ! Seus pais também se emocinaram com a cena Todos voltaram pro carro e se foram! O tempo se foi, mas, as lembranças ficaram impregnadas na minha alma! Onde andará Manoela?
Wsniper
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